Existir docente: Processo de subjetivação e o cuidado de si

Existir docente: Processo de subjetivação e o cuidado de si

Esta pesquisa de mestrado apresenta um processo de constituição da experiência de si docente, sendo o objeto de estudo a docente que habita o mesmo corpo da pesquisadora. A pesquisa leva em consideração, então, a forma como me vejo, me governo, me julgo e me narro professora de Educação Física, o que é atravessado também pela percepção dos outros, que habitam o mesmo território escolar no qual me encontro: professoras, chefias, alunos. Assim, me proponho neste trabalho a compreender quais as forças que atravessam essa constituição, e a quem e ao que elas servem. Também intento trazer a capacidade produtiva do trato com o poder, encorajando a produção de um conduzir-se docente em movimento, que escape o máximo possível de relações que predominem a dominação. Um caráter importante a demarcar é a constante transformação a qual se expõe a pesquisadora e o objeto de estudo. Transformação que se dá pelo contato de uma com a outra, as quais fisicamente são representadas por um mesmo corpo, mas que se inserem em diferentes ordens discursivas, professora e aluna de mestrado. Desse modo, a fim de fazer jus ao caráter da pesquisa utilizo como operador metodológico a cartografia proposta por Suely Rolnik (2016) embasada por Gilles Deleuze e Felix Guatarri (1995) e registrada na forma de diário, no qual anoto pensamentos docentes, algumas de minhas práticas e questões produzidas a partir das relações que estabeleço no ambiente escolar com os pares, alunos, a escola, a Educação Física e comigo mesma. Ao relê-lo, atravessada pelo referencial teórico dessa pesquisa, que é composto por algumas noções foucaultianas e por um arcabouço teórico dos Estudos Culturais em sua vertente pós-estruturalista, produzo narrativas sobre minha docência em Educação Física, atuando sobre a ordem discursiva a qual habito e principalmente sobre a construção de minha subjetividade. E, por fim, aponto algumas saídas para atuação docente que versam não só sobre a produção e escapes aos discursos que constroem representações hegemônicas da docência, mas que também compreendem, a partir das relações com os outros da escola, a possibilidade de experienciar outras formas de ser professora, percorrendo território ainda desconhecidos pela docência em Educação Física. Nesse sentido essa pesquisa contribui principalmente com estudos que versam sobre a formação de professores em Educação Física, tanto no que tange à formação inicial como a continuada, possibilitando uma atuação docente pensada a partir da experiência.

Boscariol, Marina Contarini. Existir docente: processo de subjetivação e o cuidado de si. Campinas, SP, 2020.

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